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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Nós não existimos…somos inventados!


Dão-nos vida, uma vida que nem sempre queremos mas à qual nos habituamos. Crescemos moldados por uma família e por uma sociedade com a qual nem sempre concordamos. E, quando nos apercebemos da nossa verdadeira identidade, quando tentamos “brotar” com aquilo que pensamos e com o que sonhamos para a nossa vida, somos confrontados com barreiras difíceis de transpor.

Existimos? Talvez! Mas numa existência impulsionada pela nossa vontade e condicionada pela vontade dos outros.

Afinal quem somos? E quem são os outros? Nunca vamos encontrar a resposta para estas questões.

Não valemos por aquilo que construímos mas por aquilo que os outros pensam de nós. Vivemos numa sociedade estereotipada em que a aparência exterior conta mais que o nosso verdadeiro interior.

Começo aqui algumas divagações exemplificativas em que me apetece falar de algumas realidades vividas por mim e, quem sabe, talvez por muitas outras adolescentes:




          Uma criança sonhou com uma vida bela em que todos a amavam. Sorria para toda a gente, gostava de toda a gente, gostava do seu pequeno e minúsculo mundo e era feliz.

As suas primeiras desilusões foram as nódoas negras, no corpo e na alma, que lhe infligiram quando fez uma asneira. Aprendeu, à sua custa, que os pequenos erros doíam muito. Mas continuou a acreditar que a vida era bela e promissora.



Mas um dia essa criança apercebeu-se de que tinha que deixar o seu pequeno mundo e entrar no mundo dos adultos. E já não sorria para todos, sorria apenas para aqueles que lhe inspiravam confiança. Mas cresceu, com uma simplicidade que lhe era inata e venceu, passo a passo, alguns obstáculos gigantescos ao seu tamanho. Limpava as lágrimas com pequenas alegrias e alegrava-se com pequenos nadas.



O seu sorriso ingénuo de criança transformou-se em risos trocistas e sarcásticos. Não sabia se se ria do mundo ou de si própria. Aprendeu a transformar os seus problemas em risos ridículos que irritavam os outros. Mas os outros nunca se apercebiam o quanto a irritavam a ela. Também não lhes dizia, não que não gostasse de o fazer mas porque sabia que sofreria represálias.



Chegou a altura em que a sua ingenuidade se desvaneceu e decidiu que não iria esconder mais aquilo que pensava. E a sua felicidade começou a diminuir  proporcionalmente ao seu confronto social.



Disseram-lhe então que já não era uma criança. Mataram-na para a ressuscitarem numa adolescente irreverente. E essa adolescente aprendeu a viver à sua maneira e a seu belo prazer. Dava-lhe gozo provocar os adultos que até aí a tinham iludido com palavras de falso carinho e de precário amor.



Cultivou uma adolescência que a aproximava das outras adolescentes da sua idade. Fomentou amizades em que dava tudo de si e recebia o mesmo dos outros. Apercebeu-se que o mundo poderia continuar a ser belo e foi feliz. Tão feliz que ainda hoje recorda essa felicidade.




domingo, 19 de junho de 2011

Pintura Naif


Em certas zonas rurais surge-nos a ideia de uma existência remota de cursos de água que transformaram pedras em seixos.
Alguns apresentam  formas irresistíveis e convidativas à recolha.
 Trazer para casa um pouco dessa natureza e (porque não?) dar-lhe a forma e a côr que ela nos sugere pode transformar-se numa peça decorativa.
Nesta pedra pintei a Capela da Nª Srª da Rocha. 


Também podemos encontrar xistos que apresentam cores e texturas lindas




Nos xistos podemos inspirar-nos nos  relevos e pintarmos as tradicionais casas algarvias rurais.
Estas tinham as características de serem caiadas a cal e feitas em taipa (uma massa obtida de terra e pedra moida) o que lhes conferia um aspecto tosco e irregular.


Esta, com características de pedra do rio, inspirou-me o típico farol debruçado sobre o mar.

Farol estrutura elevada bem visível no topo da qual se coloca uma luz que serve de ajuda à navegação. Um farol consta essencialmente do edifício, da origem luminosa e do aparelho óptico. É colocado nas costas, ilhas, baixios, etc., e, algumas vezes, montados em barcos especiais surtos, de modo a constituírem uma marca bem visível no mar. Caracterizam um farol a cor, carácter, o período e fases, intensidade luminosa e o seu alcance. De dia, a forma e cor do edifício do farol servem de reconhecimento, e de noite, as caratcterísticas da luz. Serve de orientação aos navegantes, de noite pela luz, e de dia, pelo corpo do edifício.

As casas serranas, como as de Monchique eram construidas em sucalcos debruçados sobre a serra.
Aqui uma casa típica já com algumas alterações onde se acrescentou um pequeno terraço.

VISTA PARA O ALTO DE BAIXO - ALFERCE



Uma pedra pintada também pode transformar-se num bonito chaveiro.
(Mais uma paisagem algarvia)




Esta "pedra do rio" apresenta a chaminé setecentista de Porches

                        Trata-se de um verdadeiro cartão de visita da vila de Porches. No meio da
               povoação uma pequena casa, utilizada num museu inactivo, contém esta maravilha rara:
   Uma chaminé com duas vistas diferentes; do lado poente, com o desenho de uma mulher de braços   abertos sobre a imagem de uma roda de carroça. Do lado nascente a chaminé é maior e tem o desenho de uma roda de carroça maior. Estas rodas servem de respiradouro.
Chaminealgarvia(Porches).JPG





Paisagem urbana
(inspirada numa pequena vila algarvia)





Uma janela típica da região algavia



Nas casas mais próximas da costa podemos ainda ver algumas chaminés típicas que foram perservadas e onde pousam gaivotas


Nas chaminés das antigas fábricas as poucas cegonhas que ainda existem constroem os seus ninhos



Esta é uma casa inspirada numa paisagem do barrocal algarvio 



A beleza das amendoeiras em flor decoram qualquer paisagem...


...E conferem um brilho especial a uma chaminé típica.


Mais uma representação da Capela da Nª Srª da Rocha



sábado, 16 de abril de 2011

O meu quadro "Lua"

A Lua fala-me de mim…

Desperta-me sensações escondidas, faz-me interrogar a minha existência na terra e o meu poder interior. Está tão longe mas aproxima-se quando a olho e preciso dela. Ao contemplá-la sinto-a como uma “fada” que me protege com a sua luz. E eu, que já não tenho idade para acreditar em fadas, fico deslumbrada e rendida ao seu encanto.
As frases tão usadas e até banais como: “Parece que estás na lua!”; “Fez-me sentir na lua!”; “Lua de mel”… parecem ter sentido quando a olhamos. O seu magnetismo modela os meus sentidos e o meu “estado de alma”.
Este planeta misterioso exerce um enorme poder sobre mim!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pinturas


Pintar pode parecer, para alguns, complicado, para outros simples.
Muitas vezes a pintura transmite estados de alma ou sentimentos mas esses podem associar-se a técnicas com estética. A cor é fundamental. Mostra beleza, tristeza, paz, harmonia ou simplesmente paixão. A paixão de quem mistura e conjuga, numa tela branca, aquilo que lhe vai surgindo inesperadamente.
Não sou pintora, sou experienciadora de tintas e pincéis. Jogo com eles num desafio terapéutico que me dá paz. E isso é o que importa. O que surge não é importante. O que é importante é que eu goste do que surge.

Este é um quadro que levou alguns meses a pintar, com interregnos de apatia, mas ficou a meu gosto.

sábado, 5 de março de 2011

As árvores sofrem?










Feridas abertas de um bonsai





AS ÁRVORES SOFREM?

Eu adorava bonsais, e sempre tive predilecção por estas pequenas árvores em miniatura. E é esta a razão que me levou a apanhar, de um amontoado de vegetação seca de uma estufa, este pequeno arbusto já sem vida. Apaixonada, não só por bonsais, mas também por reciclagem, predispus-me a descascá-lo no intuito de o transformar numa peça decorativa.
E o resultado saltou-me à vista. Nas zonas em que os troncos foram torcidos aparecem sulcos negros aparentando feridas mal saradas.
Isto arrepiou-me e fez-me reflectir na hipótese de um sofrimento constante, infringido pela mão do homem que maneja a natureza a seu belo prazer.
Então pesquisei sobre árvores e bonsais e tirei algumas conclusões: O homem refere-se a estes seres apenas para sua própria utilidade. E podemos encontrar inúmeros artigos que enumeram o sofrimento das árvores apenas em função dos benefícios para a humanidade: Árvores sofrem devastação devido às chuvas ácidas deixando florestas, consideradas pulmões ecológicos, desertificadas; As secas dos últimos anos destruíram árvores que embelezavam a avenida…
Mas também encontrei fragmentos de opiniões de pessoas que pensam como eu:



“Blog ESPELHO MEU quarta-feira, 30 de novembro de 2005
Também não gosto de bonsais...
Sempre que vejo um bonsai fico a me perguntar o que leva
uma pessoa a atrofiar uma planta. Talvez a incapacidade de "Bonsais/sonham/demais/
construir, formar, algo tão forte, grande e firme como a com/pequeninos/pássaros
uma árvore? Conseguir criar o inverso natural das coisas e que/não/irão/ver/
ainda dar o nome a isso de "paciência e dedicação"? pousar/jamais".
Besteira! Talvez a finalidade seja realmente se sentir
poderoso diante de um Jatoba de 20 centímetros.
Para mim, isso é o reverso da criatividade.
E domingo, lendo uma crônica da jornalista e escritora
Madô Martins, vi que não sou a única a não gostar
de bonsais e de mãos que atrofiam.”




posted by Hades | Segunda-feira, Maio 05, 2008 | 2 comments
Terça-feira, Abril 29, 2008
Schopenhauer e os bonsais
Os bonsais me fazem sofrer. Não gosto de achar belas aquelas árvores atrofiadas, treinadas para se tornar miniaturas. Sofro também porque imagino que aquela plantinha acredite mesmo ser uma árvore. Talvez se sinta feliz, protegida de todos os perigos quando tinha – em potência – como diria Aristóteles, a capacidade de sobreviver às tempestades. Contenta-se com a água medida, contada a gotas, apenas suficiente para sobreviver, quando poderia receber por todo o corpo as ráfagas da abundância das chuvas de verão. Não gosto de pensar que aquela plantinha possa se sentir abalada por um sopro de vida quando uma árvore pode lutar contra a força dos ventos, e vencer, reafirmando suas raízes.
Ai, as raízes podadas do bonsai. São como os pezinhos atrofiados das mulheres orientais de antigamente: garantia de sua contenção. Acho que é isso, os bonsais são como as mulheres de Schopenhauer: miniaturas forjadas de ser humano. Elas não têm vontade, apenas desejam, têm caprichos; são voluntariosas. São como crianças porque o seu querer não interfere no mundo. É só o bater malcriado de um pezinho calçado em sapatinho de verniz. Sua vontade tem as asas aparadas dos pássaros criados fora da gaiola, pretensamente livres para voar.
Conheço mulheres assim. Elas também me fazem sofrer. Mantidas numa sala de espelhos, elas acreditam ser apenas a imagem de si que vêem refletida. Não entendem que os espelhos as limitam às dimensões – e profundidade – de um vaso cerâmico de bonsai.
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Cinthia Oliveira






O Esqueleto do meu pequeno bonsai…Confirma tudo isto!

Foi uma árvore que sofreu calada as dores de uma dilaceração enquanto lhe retorciam os membros, lhe moldavam a forma e lhe atrofiavam a alma.
Não é por mero acaso que são pouco resistentes, que secam facilmente e que têm dificuldade em se adaptar ao meio ambiente que lhes é imposto.
Os defensores do bonsai dizem que duram centenas de anos. Mas para todas as regras existem excepções.
Quando nós, humanos, sofremos mutações acidentais não somos capazes de resistir durante décadas? Mas muitas vezes essa existência não é isenta de dor nem de sofrimento. E nem sempre temos qualidade de vida com algumas mutilações.
Será o homem capaz de atrofiar seres humanos para os utilizar a seu belo prazer? Dúvidas? Certezas? Sejam vocês capazes de reflectir sobre isto!
Eu já reflecti:

…A PARTIR DE HOJE EU SEREI INCAPAZ DE ADQUIRIR OU TENTAR PRODUZIR UM BONSAI!